segunda-feira, 7 de julho de 2008

Suíça: "In Gold We Trust"

Zurique, a capital financeira da Suíça. A cidade também pode ser confundida com a lavanderia do mundo, já que vários bancos privados têm suas sedes por lá.

No Brasil, a Suíça sempre teve aquela imagem de porto seguro dos ricos honestos e dos ricos salafrários. Paraíso fiscal, lavagem de dinheiro, alto padrão de vida etc. sempre colocam esse pequeno país nas novelas e nos noticiários brasileiros. Outro rótulo que persegue a Suiça é a sua neutralidade em uma infinidade de assuntos conflituosos e de interesse geral da humanidade. Por aqui ficam as sedes de organizações como Fifa, COI, ONU e de diversos bancos privados. E mais: embora esteja na Europa, a Suíça não faz parte da União Européia, não adotou o Euro e está sempre a postos para sediar debates de interesse global, sejam políticos, financeiros ou religiosos. Tudo isso reflete um pouco do caráter do suíço típico: elevado padrão educacional, ético e social, o que coloca a Suíça entre os países mais honestos (até quando o assunto é lavanderia) do mundo.

De forma geral, a Suíça é um país extremamente organizado, onde tudo funciona como um reloginho (veja texto da Renata). Politicamente dividida em 26 regiões administrativas, culturalmente ela se reparte em três áreas: germânica (nas fronteiras com Alemanha, Áustria e Liechtenstein), francesa (na fronteira com a França) e italiana (na fronteira com a Itália). Nossa viagem pelo país do chocolate (é possível consumir Lindt a preços populares), do multifuncional canivete, do queijo e dos relógios suíços começou por Zurique, a capital financeira do país. Após um período de descanso na pacata cidade de Winterthur, rumamos para um tour de três dias de trem pelo país.

Saímos numa quinta-feira chuvosa logo pela manhã para Bern, a capital política da Confederação Helvética (nome oficial da Suíça). Uma cidade adorável em que os principais pontos turísticos podem ser vistos em pouco mais de três horas a pé ou de bicicleta. Após o almoço, seguimos para Lausanne, na direção dos Alpes, onde começa uma das regiões mais lindas do mundo. Lá a língua predominante é o francês e a cidade abriga o Museu das Olimpíadas: simplesmente imperdível! Se tiver tempo, vá ao belíssimo cemitério Bois-de-Vaux, onde estão enterradas algumas celebridades lendárias, como a estilista Coco Chanel e o idealizador das Olimpíadas modernas Pierre de Coubertin. Após uma boa noite de sono, a sexta-feira nos presenteou com um dia ensolarado e uma visão magnifica das águas transparentes do lago Genebra, ainda na cidade de Laussane. Após o almoço, seguimos para a francesíssima Genebra, palco de tratados de paz orquestrados na sede da ONU. Vida noturna, restaurantes sofisticados e lojas da Ferrari revelam uma riqueza exuberante da nata financeira dos europeus. De lá, seguimos no sábado logo cedo para as cidades de Vevey e Montreux, onde estava acontecendo o mundialmente famoso Festival de Jazz. A visão de montanhas repletas de vinhedos de um lado e os Alpes do outro dá aquela sensação de "eu morreria feliz agora mesmo". No fim do dia, e com o tempo começando a dar sinais de mudança de humor, seguimos de volta para Zurique.

A Suíça de trem e de bicicleta
Definitivamente, viajar de trem pela Suíça é uma das melhores maneiras de explorar esse país montanhoso. As paisagens são simplesmente magníficas, os trens são pontuais e freqüentes e as distâncias são bem curtas. O preço depende do bolso. Se você tiver o EuRail Pass, como no nosso caso, considere-se um sortudo: só viajamos de primeira classe, sem ter que pagar por reservas e na maior parte das vezes em trens de alta velocidade. Outra alternativa de ótimo custo-benefício é adquirir o Swiss Pass. Vale cada centavo!

Para deleite dos turistas mochileiros "low budget", a maioria das cidades suíças oferece aluguel gratuito de bicicletas. Explico: basta uma identidade (passaporte no caso de estrangeiros) e um depósito de 20 francos suíços, e você sai rodando a sua bike para explorar cada cidade. Ao devolver a bicicleta, você recebe de volta o dinheiro. Atenção: danos à bicicleta serão cobrados na devolução, portanto porte-se como um civilizado cidadão suíço faria. Encontramos o serviço em Zurique, Bern, Lausanne, Genebra e Vevey. Altamente recomendado!

DICA IMPORTANTE!
Quando você se hospeda em hotéis ou albergues na Suíça, há cidades que oferecem um passe que dá direito a utilização de todos os transportes públicos (bondes, ônibus e metrôs) durante os dias de sua estadia. Porém, você deve solicitar na recepção do hotel/albergue na hora do check-in.

2 Comentários:

Blogger narolhope disse...

Realmente, a rua mais rica da terra está em Zurique por seus subsolos.
Estive lah esse ano e perdi minha bolsa em plena eurocopa. Por três horas andei até me dar conta que tinha esquecido.
Quando voltei ao lago, perto dos cisnes simpaticos que havia fotografado, por ironia ou honestidade mesmo, ela estava lah intacta.

29 de dezembro de 2008 às 12:52  
Blogger gabriel disse...

Um lindo país com pessoas muito dedicadas, simpáticas e honestas.

Uma pena que a mídia demoniza a Suíça como centro global da evasão fiscal (esquecendo dos trusts ingleses, estados dos EUA como Delaware onde não se precisa sequer de nome de proprietário para abrir uma firma [para aí sim lavar dinheiro], Singapura, Hong Kong, etc.)... esse é o custo de estar politicamente isolada. A mídia tenta confundir o direito à privacidade (relação governo x cidadão, que é um dos principais pilares da sociedade suíça) com política de governo para atrair dinheiro sujo.
Morei na Suíça por 9 anos e tenho absoluta convicção de que o país implementou o segredo bancário muito mais para proteger seus cidadãos de agressões e abusos de governo do que para atrair dinheiro de ditadores... infelizmente a liberdade também tem sues aspectos sombrios.

Am abraço, belo artigo!

31 de dezembro de 2010 às 13:40  

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