sábado, 23 de agosto de 2008

Egito: uma breve introdução

Mistérios do Antigo Egito, as pirâmides, templos e esfinges (foto) fascinam não apenas pelo design arrojado, mas também pela grandiosidade do projeto arquitetônico.

Visitar as pirâmides, tumbas, templos e ruínas do Antigo Egito torna-se um grande contraste para qualquer bom observador. É quase inacreditável pensar que no mesmo local onde se desenvolveu um povo tão sofisticado -- verdadeiros mestres em campos diversos como engenharia, medicina, matemática, navegação, artes e religião -- atualmente reside um Egito moderno imerso num profundo mar de contrastes e pobreza. Hoje, além das ruínas, sobrou pouco daquela civilização. A impressão que fica é que só existem duas camadas sociais: a dos muito ricos e a dos muito pobres (quase 80% da população). Enquanto os ricos esbanjam comida e água em suas casas bem equipadas com ar condicionado e luxo, os pobres lutam para sobreviver num país expremido de um lado por uma camada política ditatorial e corrupta (no governo há mais de duas décadas), e do outro lado por líderes islâmicos fundamentalistas.

Esse tipo de realidade fica ainda mais evidente no Cairo, capital do Egito. Os estrangeiros, por exemplo, são facilmente encontrados no mesmo local da classe rica egípcia, que parece pular de ar condicionado em ar condicionado: de casa para o carro, do carro para a cafeteria (preferencialmente de alguma rede norte-americana), e do trabalho para os locais mais badalados e exclusivos da cidade. Enquanto isso, lá fora, o sol bate rachando nos taxistas e suas "latas-velhas" caindo aos pedaços pelo tráfego alucinado da cidade que nunca dorme. Também nos policiais vestindo o uniforme branco do verão, nas mulheres vendendo chá preto com menta e nas crianças que desde cedo aprendem a dizer “hello, welcome to Egypt” para qualquer turista.

No meio de toda essa confusão, entretanto, existe um Egito fascinante. O povo é hospitaleiro e parece entender a importância do turista, praticamente a principal fonte de renda do país, que não conta com muitas jazidas do ouro negro. Hotéis cinco estrelas oferecem do bom e do melhor para turístas abastados convenientemente trazidos ao país por incontáveis agências turísticas -- a melhor forma de conhecer o Egito sem passar por grandes dores de cabeça. Mas a verdade é que você precisa caminhar pelas ruas para dizer que conheceu esse país de fato. Para as mulheres, no entanto, andar pelo Egito, especialmente por lugares ou cidades com grande concentração de pobreza, é um desafio quase sobre-humano. Os homens ficam fascinados pelas estrangeiras, facilmente identificáveis pela ausência de véus cobrindo a cabeça. Até por isso, se você é mulher e pensa em visitar Egito, aguente o calor e vista roupas descentes e compridas, porém leves. Isso não eliminará o assédio, mas ajudará a aplacá-lo.

O Egito que pouca gente conhece
Como um bom cidadão ocidental, criado em um país cristão, você já deve ter ouvido milhares de vezes histórias da Bíblia que retratam o tempo dos faraós. Enquanto restam apenas ruínas e hieróglifos dos antigos egípcios, um personagem das sagas bíblicas permanece mais vivo do que nunca: o Rio Nilo, ainda hoje um dos fundamentos da economia local. É possível nevagar por ele em um pequeno barco à vela (conhecidos aqui como felucas) e conhecer uma curiosidade esquecida pelos turistas: o Nilômetro, uma estrutura construída pelos faraós para medir o nível das águas do rio. Dos vários nilômetros espalhados ao longo do rio pelo países descende os cálculos de metragem cubica utilizadas pelos matemáticos até hoje. Com ajuda dos nilômetros, os faraós podiam prever secas e enchentes e, assim, calcular uma previsão de impostos a serem pagos. Ou seja, motivos para rezar, festejar ou fugir.

Além da herança faraônica, a cidade do Cairo é um destino fascinante a ser descoberto por mulçumanos e cristãos fora dos pacotes comerciais das agências de turismo.

Embora a maioria dos turístas cheguem ao país para ver as maravilhas arquitetônicas inspiradas pela religião dos antigos egípcios, cristianismo e islamismo não devem ser relegados a uma segunda classe do ponto de vista histórico e arquitetônico. Concentrados na capital estão duas das áreas mais importantes de ambas as religiões: o Cairo Islâmico e o Cairo Antigo. A primeira revela a intensa atividade islâmica no país desde o século 7. Conhecida como "a cidade das mil minaretes", a diversidade de mesquitas encontradas no Cairo é a mais ampla de todo o mundo islâmico. É possível admirar mesquitas com estilos arquitetônicos de praticamente todas as correntes do islâmismo, desde os tempos do Profeta Maomé até as modernas contruções de hoje. A segunda revela que o cristianismo também tem raízes profundas no Egito. Uma visita ao Cairo Antigo revelará ao turísta desavisado o lugar onde, segundo a tradição, a Sagrada Família teria se refugiado da investida de Heródes para matar o Messias, que segundo as profecias era uma ameaça ao seu poder. No país, os cristãos (10% da população, sendo 99,9% cópticos), todos concentrados na classe mais abastada, são responsáveis pela preservação de uma importante parcela do cristianismo primitivo. Uma longa visita ao Museu Cóptico revelará tesouros pouco conhecidos pelos cristãos ocidentais.

Leia também:
Um olhar sobre o Antigo Egito
O Nilo, os núbios e o Egito

3 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Há cerca de 3 anos, ouvi de Guther numa circunstância (Expo Cristã) que eu estava com cara de esfinge. O tempo passou e chegou a vez de meu amigo Guther posar ao lado da original. Gostei da foto, curto as notas que fazem de suas andanças e observações que fazem dos locais, das pessoas e hábitos culturais. Mas não poderia deixar a oportunidade de fazer esse comentário aqui.
Abraços.

21 de setembro de 2008 às 13:50  
Anonymous Anônimo disse...

Fui ao Egipto de 1 a 8 de Outubro de 2008. Foi uma viagem e uma experiência inesqueciveis. Ler estes textos foi um reviver da viagem, e sem duvida um enriquecimento cultural. Parabéns! A essencia egipcia foi totalmente apreendida! Um abraço.

25 de outubro de 2008 às 23:45  
Anonymous Anônimo disse...

Fui ao Egito de 03 a 12 de novembro de 2008 e essa viagem oferece uma infinidade de informações e experiências que processá-las requer ainda muito tempo pela frente. Entram fundo na gente e remexem algo de que ainda não tenho consciência. A Vila Núbia é outro ponto muito interessante de se ver, principalmente quando fomos em uma comitiva sobre camelos. Imperdível ver o Nilo lá de cima em seu tom azul escuro maravilhoso!

26 de novembro de 2008 às 11:50  

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