domingo, 21 de dezembro de 2008

Antigüidade de olhos puxados

A face de Buda: Angkor é sem dúvida uma das ruínas mais fantásticas do mundo. Preservada pelo tamanho (maior que a moderna São Paulo) e pela floresta tropical incontáveis esculturas de Buda estão espalhadas por cada pedaço de chão, nos mais variados tamanho. Essa imagem da foto tem quase quatro metros de altura.

Não só de ruínas gregas ou romanas vive o passado. Uma visita às cidades de Sukothai, na Tailândia, e Angkor, no Camboja, revela um passado rico em poder e glamour no sudeste asiático. Em comum, essas ruínas revelam cidades inteiras imersas num mundo orientado pela religião, em que recursos foram investidos (ou desperdiçados?) sem pudor. Ou seja, não é de hoje que a religião abusa do povo sem dó. Para se ter uma idéia da dimensão desse fato, o templo de Angkor, principal monumento dessa cidade fantasma hoje possuída pela floresta tropical, é considerado o maior prédio religioso do mundo. O império Khmer se formou no início do século 9, fundado pelo monarca Jayavarman II -- que se declarou rei-deus (alguma semelhança com gente que anda por aí hoje em dia?) --, se estendendo por Tailândia, Laos e Vietnã. Visivelmente as religiões predominantes e oficiais do império eram o Hinduísmo e o Budismo, ambos peculiarmente presentes na arquitetura religiosa da cidade, o que faz de Angkor uma visão única e idílica de um povo que se perdeu no tempo. Entre uma das nações mais pobres do mundo, o Camboja moderno luta para reerguer a economia local através do turismo e para esquecer o recente passado sombrio. Nesse sentido, Angkor é uma tábua de salvação para os cambojanos, que se agarram a essa imagem trinfual do passado glorioso para levantar a auto-estima do povo, massacrado pela guerra do Vietnã e pelos devaneios genocídas do Khmer Vermelho (leia artigo da Renata).

Para se ter uma idéia da dimensão física de Angkor, é possível gastar uma semana explorando a cidade histórica (maior que a moderna São Paulo), e ainda assim perder muitos detalhes do local. Viajantes com menos tempo, no entanto, podem ter uma visão geral dos principais pontos da cidade em um único dia, o que pode ser cansativo e superficial, mas ainda assim recompensador. Entretanto, o ideal é dedicar de dois a três dias para explorar a cidade, uma vez que a distância entre os inúmeros sítios históricos consumirão um tempo significativo. Como não existem hotéis ou albergues nas redondezas de Angkor, todos os turistas ficam baseados na cidade de Siem Reap, que oferece uma ótima estrutura com hospedagem para todos os bolsos, além de ótimos restaurantes oferecendo os deliciosos pratos locais assim como cozinha internacional, além de cafés onde é possível relaxar após um exaustivo dia de caminhada.

A cidade de Sukhothai virou um parque nacional para proteger mais de 190 ruínas entre templos e esculturas como a da foto, com mais de seis metros de altura.

O império Khmer seguiu incólume até a primeira metade do século 15, quando seu vizinho local, o reino de Sukhothai, a cerca de 400 km ao norte de Bangcoc, invadiu e saqueou Angkor, desestabelecendo o império Khmer e evacuando a cidade para a região leste do Camboja, onde fica atualmente a capital Phnom Penh. Sukhothai, entretanto, foi parte do império Khmer até o início do século 13, quando dois líderes locais, Pho Khun Pha Muang and Pho Khun Bang Klang Hao, declaram independência e fundaram o primeiro reino de língua tailandesa, espisódio que pode ser considerado a fundação da Tailândia moderna. Em seu auge, o reino chegou a se estender até o norte da Tailândia na fronteira com Mianmar (antiga Birmânia), Laos, Cambodia e Malasia.

Hoje, a cidade histórica de Sukhothai foi estabelecida como parque nacional com mais de 190 ruínas distribuídas numa área de 70 km2. Particularmente, recomendo o aluguel de uma scooter para explorar a área, que também pode ser visitada de bicicleta pelos mais corajosos. Para quem segue da capital tailandesa rumo à Chiang Mai podem (e devem) planejar uma parada de dois ou três dias em Sukhothai. A parte nova da cidade, onde se concentra a maior parte da população local oferece uma variedade de pousadas (com piscina, restaurante e massagem tailandesa) a preços razoáveis.

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