quinta-feira, 11 de setembro de 2008

O retorno da "Paris do Oriente Médio"

Praça Nejmeh, no centro de Beirute: símbolo do novo estado de espírito da cidade e do país em plena recuperação após 15 anos de guerra civil.

Se Buenos Aires é a Paris da América do Sul -- como os argentinos gostam de afirmar -- eu ainda não sei. Mas que Beirute está recuperando o status de Paris do Oriente Médio, como era conhecida nos anos 1960, disso eu tenho quase certeza. Caminhar pelas ruas centrais da capital do Líbano é uma experiência européia. Se não fossem os esqueletos dos prédios cravados de bala, remanescentes da Guerra Civil do Líbano, entre 1975 e 1990, que ainda não foram demolidos pelo projeto de reconstrução do país, com uma perspectiva duração de 25 anos (iniciado em 1996), qualquer turista teria certeza que está pisando no primeiro mundo. Esse ar parisiense tem uma explicação: após o fim da I Guerra Mundial, o Líbano ficou sob domínio francês até 1941. Como resultado, quase todo libanês fala francês fluentemente e o dialeto árabe falado na região contém palavras do idioma nas conversas do dia-a-dia, nas fachadas das lojas e campanhas publicitárias -- além do sotaque herdado dos franceses.

Além da beleza natural de Beirute, que é cercada de montanhas de um lado e o Mar Mediterrâneo do outro, o povo é um show à parte. As mulheres e homens são muito bonitos e vaidosos, ao estilo árabe-mediterrâneo. Não é difícil encontrar uma mulher com ataduras no nariz graças à última cirurgia plástica. Segundo um amigo libanês, nem é preciso realizar uma pesquisa para saber que cirurgia plástica aqui é um febre. Basta ir à uma das praias badaladas mais próxima. Aliás, badalação é a palavra de ordem na capital -- mesmo em mês de Ramadã. A vida noturna é intensa, de domingo à domingo, principalmente na região de Gemmayzeh, onde é possível encontrar bares e restaurantes bem decorados e com preços salgadíssimos. Embora bebida alcóolica aqui seja vendida de maneira aberta, uma cerveja local pode custar de 5 a 10 dólares na noitada. Até nos preços a capital do Libano gosta de imitar Paris.

Indo e vindo dentro do Libano
Visitar o Líbano, que possui apenas 10.452 quilômetros quadrados, não é dificil. Embora o país não possua um sistema de transporte muito organizado, basta se informar em que locais pegar vans ou micro-ônibus em Beirute para cidades como Tiro, Sídon e Biblos. Cada passagem custa em torno de 1 a 2 dólares, devido ao estado precário dos veículos. Na volta, basta parar no sentido contrário da estrada e fazer o sinal para o motorista -- por aqui não existem paradas oficiais. Também é possível viajar de táxi, embora os preços sejam mais caros e normalmente taxados em dólares. Aliás, comprar em dólares é muito comum e os comerciantes podem devolver o troco na moeda local ou mesmo em dólares. Dentro de Beirute a dica é perguntar para o taxista se ele trabalha por “service” (ou servis, de acordo com a pronúncia local afrancesada), ou seja, algo em torno de 1,5 dólares, preço fixo por pessoa e por jornada. Mas não estranhe se ele pegar outros passageiros no caminho. Faça um espacinho no banco e aproveite a vista.

Leia também:
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