domingo, 12 de outubro de 2008

O Oriente Médio que os cristãos desconhecem

Crucifixo na Igreja Católica-Ortodoxa de Damasco, na Síria. A paróquia fica no interior do portão por onde, segundo a tradição, Paulo teria escapado de seus perseguidores.

No Ocidente, sempre que se pensa em turismo religioso no Oriente Médio o primeiro lugar que vem à cabeça é Israel (leia-se Jerusalém). Nada contra e nada de errado. Ao contrário, a cidade onde Jesus pregou suas idéias e enfureceu os judeus, que deram um jeitinho de crucificá-lo, é certamente o destino mais santo para os cristãos. Entretanto, aqueles mais interessados no cristianismo em termos de religião e de história terão de se desfazer dos muitos preconceitos relacionados aos países islâmicos e circular em torno de Israel para ver de perto as raízes do cristianismo. Certamente, um dos destinos mais espetaculares será a cidade de Damasco, na Síria, onde Saulo de Tarso, o perseguidor de cristãos, se transformou no apóstolo Paulo após uma visão do que seria Jesus. Incrivelmente, alguns dos lugares mais sagrados ao cristianismo primitivo resistiram à ação do tempo e do islamismo e hoje são tombados como patrimônio da humanidade. O mais incrível será perceber que as raízes desses cristãos pré-Império Bizantino ainda resistem no século XXI e não será necessário procurar muito para encontrar gente que ainda fala Aramaico, a língua de Jesus, naquela região. Adicionalmente, a Síria preserva alguns dos mais significativos registros da presença do Império Romano no Oriente Médio. Uma visita à cidade de Palmira revelará uma das mais fantásticas ruínas romanas do mundo.

Após ser devidamente catequizado por Ananias, cuja residência em Damasco foi descoberta praticamente intacta após escavações arqueológicas e hoje é uma mescla de capela e museu, Paulo saiu pelos arredores de Jerusalém, ao contrário dos demais apóstolos, pregando a sua visão das idéias de Jesus para os não-judeus. Em termos de Oriente Médio, isso significa que Paulo circulou pela Síria, pelos territórios palestisnos (inatingíveis no momento), pelo Líbano (Fenícia), Chipre e massiçamente pela Turquia, que ao lado da Síria será um dos destinos mais compensadores para quem quiser ter um profundo contato com mais de um milênio de domínio cristão na região, de Paulo à decadência do Imprério Bizantino. Nessas regiões, onde cristãos vivem à parte do poder exercido pelo Vaticano e à salvo do ímpeto protestante graças à ignorância dos evangélicos, cerca de 20 diferentes igrejas cristãs (cópticos, ortodoxos, gregos-católicos, maronitas etc., etc., etc.) co-existem suplantadas pelo domínio islâmico e árabe da região.

Mas não pára por aí. Ainda na região, o Egito certamente tem muito a oferecer para cristãos profundamente interessados em suas raízes religiosas. A rota da Sagrada Família, fugindo da perseguição de Heródes, saindo de Israel, passando pelos territórios palestinos, até chegar ao Cairo, está prestes a ser fundada como destino turístico-religioso. A região também é conhecida por ter originado o conceito de monastério cristão. Leia mais sobre isso no post Egito: uma breve introdução.

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