quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

China: a rota do progresso

Terceiro maior país do mundo, a China é um território difícil de ser explorado num curto espaço de tempo, em especial quando consideramos as distâncias entre cada uma das principais cidades e províncias. Uma malha rodoviária atende satisfatoriamente o país, assim como uma série de companhias aéreas de baixo custo. Fizemos um plano para explorar a costa leste da China, partindo de Hong Kong, ao sul, até Pequim, nossa última parada há cerca de três mil quilômetros de distância, e então retornar pela ex-colônia portuguesa de Macau (leia artigo da Renata sobre a cidade-território). A costa leste da China concentra o PIB do país, oferecendo a melhor estrutura de serviços, mas em compensação o maior custo. O visto para a China pode ser obtido entre 24 e 48 horas em Hong Kong ou Macau, onde a entrada de estrangeiros é relativamente simples e, para brasileiros, não requer visto prévio. Entretanto, essas questões relacionadas a visto estão sempre sendo alteradas, por isso consulte a situação atual antes de subir a bordo de um avião.

A nossa primeira parada foi em Hong Kong para uma breve passagem de duas noites com o objetivo de obter vistos de entrada para a China continental. A cidade-território é rica e cara, ainda assim é possível achar acomodação barata em áreas nobres da cidade. Encontramos um conglomerado de pousadas na região da estação de metrô Tsim Sha Tsui, uma área central de Hong Kong, com uma grande oferta de shoppings, restaurantes e supermercados na região de Kowloon. Hong Kong pode ser uma cidade complexa de se entender, especialmente com a cessão dos novos territórios pelo governo chinês, o que ampliou significativamente o seu tamanho. Essas pousadas se multiplicam em antigos complexos comerciais-residenciais espalhados pela Nathan Road. Os quartos são minúsculos, mas equipados com banheiro, água quente, televisão, internet sem fio e ar condicionado. Cada um desses condomínios comporta três ou mais diferentes pousadas por andar, proporcionando aos mochileiros uma excelente gama de opções. A localização estratégica pode salvar tempo e dinheiro graças ao acesso facilitado aos pontos turísticos, aeroporto, estações de trem e portos. Paraíso das compras, Hong Kong é um lugar interessante para adquirir eletrônicos, roupas, acessórios e produtos cosméticos que serão úteis na sua viagem pela China. A maioria dos hotéis, pousadas e albergues oferece serviço de expedição de visto, mas há também diversas agências de viagem que podem realizar o mesmo serviço, cujo preço pode variar significativamente. Portanto faça uma pesquisa para encontrar o melhor custo-benefício.

Cruzamos a fronteira da China continental por terra para a cidade de Dongguan, que abriga uma significativa comunidade de brasileiros, muitos trabalhando no setor calçadista. Situada em uma das províncias mais prósperas, graças à proximidade com o território de Hong Kong, só fomos à industrial Dongguan para visitar amigos brasileiros expatriados. A cidade não oferece atrativos turísticos e pode ser dispensada, a não ser que você tenha bons amigos para levá-lo numa tradicional churrascaria gaúcha. De lá seguimos de trem (overnight) para Xiamen, na província de Fujian. Dona de uma atmosfera agradável, a cidade é famosa pela arquitetura européia e pelas inúmeras cafeterias que se multiplicam pelas simpáticas ruas e vizinhanças. Xiamen foi a primeira cidade portuária utilizada pelos europeus (inicialmente portugueses) na primeira metade do século 16, o que explica a extensa influência ocidental na arquitetura e na vocação internacional de seus habitantes. Dona de uma qualidade de vida invejável (entre as melhores da China), Xiamen oferece uma culinária rica em pescados e frutos do mor. A proximidade com Taiwan também exerceu uma forte influência nos pratos típicos dessa região, assim como sobre a sua exuberância financeira. A cidade, apesar de rica e populosa, se diferencia bastante de outros centros urbanos do país graças a sua atmosfera mais tranqüila e relaxada. Mas cuidado: uma visita de dois dias pode rapidamente se transformar em cinco!

A oferta de empresas de baixo custo pode fazer das viagens de avião algo bastante acessível e representar uma importante economia de tempo num país de dimensão continental. Foi assim que seguimos para a romântica cidade de Hangzhou. Apesar de grande e próspera, a cidade encanta pela beleza natural e pela imponente presença do Lago Leste (West Lake). Centro cultural, artístico e religioso, Hangzhou foi escolhida como capital de diversas dinastias chinesas graças a sua posição estratégica e a sua vocação cosmopolita. Também caiu sob domínio Mongol e foi destruída e reconstruída diversas vezes até se tornar hoje em um dos destinos mais agradáveis, ao lado de Xiamen, na rota da prosperidade. A rica e variada culinária de Hangzhou representa uma das oito subdivisões da cozinha chinesa e se caracteriza muito pelo frescor dos ingredientes e pela ênfase no sabor e na fragrância dos pratos.

A cerca de duas horas e meia de ônibus ou trem fica a imponente Xangai, que junto com a capital Pequim compõe os dois principais centros urbanos da China continental. Em nenhuma outra cidade chinesa o progresso chegou de forma tão intensa e devastadora. Os altos índices de poluição dessa capital dos negócios tornam raros os dias de sol e céu aberto. Ainda assim, isso não tira o encanto da cidade nem seu relevante papel na história recente da China. No século 19, Xangai foi palco da Primeira Guerra do Ópio, que levou britânicos, americanos e franceses a estabelecer as primeiras áreas de concessão internacional. Nos anos subsequentes, com a presença de russos (da então recém-formada União Sovietica) e sob ocupação dos japoneses, a cidade se tornou o principal centro financeiro da Ásia. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, Xangai voltou ao domínio chinês e em maio de 1949 sucumbiu ao controle do Partido Comunista, o que representou uma virada estratégica na transformação política do país. A região chamada de Bund ainda preserva diversos prédios que contam a história da ascensão de Xangai como centro do poder econômico e estratégico da China contemporânea. No século 21, a cidade segue imponente nesse papel e é, sem dúvida, a principal concorrente de Hong Kong na disputa pelo papel principal de centro financeiro, influenciando o país no que diz respeito à moda, cultura, tecnologia e comércio. Dois ou três dias, porém, em Xangai são mais do que suficientes para visitar os principais pontos turísticos da cidade. A não ser que você tenha intenção de fazer compras na cidade, certamente o principal centro comercial da China continental. Uma visita ao Museu de Xangai, à região de Bund e ao centro histórico é indispensável. Em termos de comida é fundamental experimentar os bolinhos recheados conhecidos como Dumpling, o delicioso prato da culinária local.

A cidade de Pequim merece entrar em qualquer roteiro de viagem para a China. A Grande Muralha, a Cidade Proibida e o Parque Olímpico são algumas das atrações..

Mais um trem noturno e chegamos à capital Pequim, sede das Olimpíadas de 2008 e do governo chinês. Independentemente do roteiro que se opte por fazer na China é essencial incluir uma longa visita à cidade, com pelo menos cinco dias para explorar suas diversas atrações turísticas e sítios históricos. Cidade Proibida, Grande Muralha, Palácio de Verão, Parque Olímpico... e por aí vai a interminável lista de atividades. Lá nos hospedamos em um dos diversos albergues localizados em uma das simpáticas vizinhanças chamadas de Hutong, que são bairros antigos que se misturam à modernidade da olímpica Pequim. A exemplo de Barcelona, outra cidade-sede das Olimpíadas, os jogos conduziram um profundo processo de modernização e limpeza da cidade. A começar pelos altos níveis de poluição que receberam uma atenção especial, com transferência de zonas industriais e chuvas produzidas artificialmente para limpeza do ar. O sistema de transporte público é impecável, mesmo táxis têm preços acessíveis para quem se entregar à preguiça ou ao cansaço. A Grande Muralha fica fora da cidade e, portanto, vai demandar um dia completo. É possível fazer o passeio por conta própria, assim como comprar um dos passeios vendidos por albergues e hotéis. Já na culinária, Pequim é famosa pelo pato assado, sem dúvida uma iguaria a ser saboreada junto com a essência de uma cidade que mistura as chinas do passado e do presente, seja para o bem ou para o mal.

Leia também:
Façam as suas apostas
Comunismo: morto e enterrado
Alguém precisa avisar os chineses: o mundo está em crise
Onde há dragões, há espíritos

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial