sábado, 31 de maio de 2008

Para quem gosta de chucrute

O castelo de contos-de-fadas Neuschwanstein fica a duas horas de trem de Munique. (OBS: A Renata é a verdadeira autora desse artigo muito bacana, que foi postado com meu nome por engano!!!)

Estou me setindo em casa desde que chegamos em Munique, capital do estado de Bavaria, cercada de "sauerkraut" (chucrute) e, claro, muito salsichão (ou lingüiça, como é chamado no resto do Brasil). Mas Munique é conhecida mesmo por sua cerveja. A cidade possui dezenas de "biergarten", ou seja, jardins cheios de mesas onde a cerveja é servida na quantidade mínima de 500 ml. Aprendemos até mesmo como segurar o enorme copo de vidro quando nos aventurarmos em quantidades para os mais experientes: um litro ou dois. Afinal, trata-se praticamente de um exercício de alterofilismo.

Entretanto, quem não curte muito a culinária típica da Bavaria, uma opção de passeio é o castelo Neuschwanstein, idealizado pelo excêntrico Ludwig II da Bavaria. O cara elaborou cada ala do lugar com diferentes temas das óperas compostas pelo seu amigo pessoal Wilhelm Richard Wagner. No seu quarto, por exemplo, encontram-se pinturas de Tristão e Isolda, logo ao lado da sua impressionante cama, que reproduz a torre de uma catedral (que levou quatro anos para ser concluída). Mas Ludwig II viveu pouco no seu sonho de consumo e somente um terço da decoração do castelo foi concluída. Seu corpo foi encontrado em um lago em Munique (a cerca de 2 horas de trem do castelo). A morte desse monarca é um dos grandes mistérios da Bavaria.

DICA IMPORTANTE!
Uma boa dica para conhecer o castelo é formar um grupo de até cinco pessoas e comprar um ticket chamado de Bahn, por algo em torno de 27 euros (ida e volta) para o grupo todo. Com o ticket em mãos você ainda consegue pegar um ônibus da estação em Füssen até o centro de informações turísticas do castelo. Mas ele vale pelo dia inteiro, sem limite de trajetos. Vale a pena, já que o preço individual do trajeto é de normalmente 15 euros por cabeça.

Nova seção no blog

Agora este blog/site conta com mais uma seção: 365 idéias. O objetivo é reunir dicas de viagem voltadas para mochileiros brasileiros. A gente está tentando passar um pouco da experiência que estamos adquirindo (algumas à base de porrada!) para que você possa evitar algumas das dificuldades comuns a todo viajante porra-loca. Clique aqui para saber mais!

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Tomando um "passe" na Europa

Embora tudo seja aparentemente muito próximo na Europa, especialmente para viajantes que vivem em países continentais, transporte por aqui é algo caro. Se você pretende passar um tempo que ultrapasse três semanas e deseja conhecer mais de dois ou três países, considere comprar bilhetes que dão direito a multiplas viagens num período pré-determinado. Se você tem mais tempo, não está ligando pra conforto e só pensa em economizar, a sugestão é comprar o Eurolines Pass, que oferece opções de 15 e 30 dias seguidos de viagens ilimitadas de ônibus para 4o cidades européias (basicamente na parte oeste do continente). Lembre-se de prestar atenção na variação de preços entre alta e baixa temporadas. Mas aí vai o aviso: os ônibus são desconfortáveis, especialmente para viagens noturnas.

Se o seu orçamento é um pouco mais elástico, a melhor opção é adquirir um bilhete da RailEurope, o Eurail Global Pass, que cobre 20 países (basicamente na parte oeste do continente também). É possível escolher entre bilhetes de semanas ou meses fechados com viagens ilimitadas e as opções Flexi (para qual direcionei o link), em que você tem 10 ou 15 dias para viajar num período de dois meses. Considerando o tempo de estadia em cada país e/ou cidade, parace mais do que suficiente para cobrir uma considerável área da Europa. Nesse caso, comprar o bilhete fora da Europa sai mais barato, mas aparentemente o Brasil não está entre os países para onde o bilhete pode ser despachado. Portanto, considere pagar entre 10% e 15% a mais comprando dentro da Europa. Ainda assim vale a pena, pois a malha ferroviária é gigante e o Passe oferece assentos de primeira classe. Um luxo!

ATENÇÃO: Embora você compre o Passe, em muitos trechos é necessário pagar pela RESERVA que pode variar entre 4 e 70 euros. Evite trens overnight (a menos que esteja disposto a viajar de segunda classe, que é obviamente mais barato!). Na Itália e na França as reservas costumam ser mais salgadas. Em muitos trechos de Alemanha, Suíça e Viena não necessitam reserva, ou seja, nenhum euro além do que você já pagou. Estudantes e viajantes com idade inferior a 25 anos podem conseguir descontos.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Praga: parada obrigatória na Europa

Uma das 30 fascinantes estátuas da imponente Charles Bridge (Karluv Most). Datadas do século XVIII, proporcionam uma visão épica do domínio católico sobre a cidade.

Extremamente charmosa e com uma vida noturna bem agitada, Praga é um dos destinos imperdíveis na Europa. A cidade sobreviveu a muitas das intempéres da história: escapou ilesa aos bombardeios nazistas durante a Segunda Guerra Mundial e resistiu aos mais de 40 anos de domínio soviético. A capital da República Tcheca, no entanto, não é muito mais barata que suas vizinhas ricas do oeste graças a presença massissa de turistas. Fugir dessas áreas de concentração é uma boa alternativa para escapar de preços abusivos. Isso significa que você precisa gastar a sola do sapato pra achar bons negócios por aqui. Mas... a tradicional cerveja Tcheca continua beeeem barata. Um paraíso para os apreciadores do suco de cevada. O transporte público também continua bastante acessível. No entanto, é uma boa idéia se hospedar no centro da cidade para desfrutar à vontade da intensa vida noturna de Praga com bares, boates, clubes de jazz e belíssimo auditórios para concertos de música clássica. É possível cobrir os principais pontos turísticos caminhando. Nem é preciso dizer que o aspecto medieval da cidade com suas imponentes catedrais ao estilo gótico, a arquitetura barroca e a presença marcante da Art Noveau em seus prédios dão a Praga um aspecto único de conto-de-fadas. A massa de turístas incomoda um pouco, mas a vista compensa. O escritor Franz Kafka é definitivamente o praguense mais importante desta cidade encantadora. Apreciadores de A Metamorfose vão se dar por satisfeitos com a abundância de informações sobre a vida cotidiana do escritor: a casa onde ele morou, a livraria que geriu e o museu dedicado a sua vida e obra.

Um pouco além...
Se você ficar na República Tcheca por um tempo maior, uma boa dica é fazer uma visita a Kútna Hora, a cerca de 70 km de Praga. Desde a estação de trem (aliás, viajar desse modo pelo país é surpreendentemente barato) embarcamos numa viagem pelo passado comunista da antiga Tchecoslováquia. Uma aventura ideal para um dia cinzento, o que deixa a paisagem ainda mais árida e torna a visita à principal atração da cidade -- o horripilante ossuário Sedlec Kostine -- uma experiência única. Visitar essa cripta com ossos de 40 mil pessoas arranjados nas formas de pirâmides, guirlandas e candelabros é uma experiência bizarra. Certamente, uma visão que não vai agradar a todos os gostos. Após uma volta pelo centro medieval da pequena cidade com cerca de 22 mil habitantes, siga para a catedral gótica de Santa Bárbara. Para variar, sente-se para tomar uma cerveja e, quem sabe, fazer uma refeição num dos bares no caminho para a igreja desfrutando da visão bucólica da cidade. A dica é pegar o trem em Praga pela manhã e chegar para o almoço em Kútna Hora. Lá, tudo é muito mais barato que em Praga. Pegue o trem de volta no fim do dia e aproveite a noite em Praga, lógico!

domingo, 25 de maio de 2008

Pequena Praga

Uma cidade com nome de Praga pode não inspirar muita confiança do viajante desavisado. No entanto, o que se vê por aqui é um ponto que ferve de turistas, encantados pela terra do escritor Franz Kafka e pelo preço mais baixo em relação ao resto às principais capitais da União Européia. Uma das únicas cidades que sobreviveram aos bombardeios da II Guerra, a capital da República Tcheca tem suas peculiaridades. Como o comportamento dos garçons, por exemplo, que parecem nao conhecer a regra "o cliente sempre tem razão". Mas até essas excentrecidades têm o seu charme em Praga.

Turismo a pé e na faixa

Os "free walking tours" são uma alternativa prática e barata de fazer turismo na Europa. A maioria das principais cidades européias oferece caminhadas gratuitas e guiadas aos pontos turísticos. Além da vantagem financeira, os free walking tours proporcionam uma visão geral da história de cada cidade e cobrem uma significativa quantidade de lugares. E não é só isso: como os guias (raramente nativos) vivem na cidade, sempre fornecem boas dicas de restaurantes, lojas e vida noturna. Ao fim de cada tour, é bacana dar uma gorjeta ao guia, porém isso não é uma obrigação, afinal você está ali justamente para economizar. Na barra lateral do blog há links para os free walking tours que nós recomendamos.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Livros e homens

Quem me conhece sabe que amo ler. Qualquer coisa, na verdade. Também não sou ciumenta com meu livros, se gosto, passo adiante. Sendo assim, entre as muitas histórias chocantes que ouvimos no Free Tour que fizemos por Berlim, uma me marcou especialmente. Em 1933, nazistas queimaram milhares de livros da biblioteca pública na atual Bebelplatz (antiga Opernplatz). Um desses livros, considerados modernos demais ou contra os princípios nazistas, foi do poeta alemão Heinrich Heine, que, em 1821, escreveu algo quase profético: “Aqueles que queimam livros, acambam cedo ou tarde por queimar homens”. A frase está marcada na calçada de Bebelplatz para ninguém nunca mais esquecer.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Os fantasmas de Berlim


No lado leste de Berlim... Aqui o mundo foi dividido como uma torta de maçã.








Berlim é definitivamente uma das cidades mais importantes em nosso roteiro de viagem. Mas é fundamental chegar aqui com algum conhecimento da história que teve essa cidade como cenário. Só assim para se captar um pouco dessa atmosfera ao mesmo tempo mágica e sombria. Por um lado é impressionante observar a potência global em que Berlim se tornou no mundo moderno após ser completamente destruída durante a II Guerra Mundial. Por outro lado, é impossível não ser tomado de um sentimento de angústia ao tocar as paredes do Muro de Berlim, que teve papel fundamental durante a Guerra Fria e o início da derrocada do comunismo. Caminhar pelo lado leste de Berlim é a oportunidade de ver que as ruínas não são feitas apenas de pedras, mas também de vidas. E a pergunta que não se cala é: como chegamos a tal ponto? A cicatriz permanece como uma oportunidade de lembrar como a humanidade pode ser incrivelmente estúpida. É claro que isso não nos livra de, como humanidade, cometer novas atrocidades. O lance é que a história mantém viva até os piores fantasmas.

Hospedagem boa e barata!

Um dos principais gastos de uma viagem (quando não o principal) é hospedagem. Numa viagem longa como a nossa, cada centavo faz diferença. A melhor opção nesse caso é procurar por albergues, pousadas e bed & breakfast. Os albergues na Europa funcionam muito bem. Em geral são limpos, organizados e oferecem uma boa estrutura de auto-atendimento. São definitivamente a pior opção pra quem procura por conforto, tem manias intoleráveis ou problemas de socialização. Se este não é o seu caso, seguem duas dicas de websites (testados e aprovados!) que oferecem uma gama significativa de albergues ao redor do planeta: Hostelling International e HostelWorld. Ambos oferecem uma quantidade expressiva de informações sobre cada albergue como fotos, localização, serviços, avaliação etc. Além disso, é possível consultar disponibilidade de vagas e fazer reservas com cartão de crédito internacional. Uma mão na roda.

domingo, 18 de maio de 2008

Próximo destino: Alemanha, R. Tcheca e Áustria

Os próximos dias prometem ser agitados. Embarcamos na terça (20) para Berlim, na Alemanha. Em seguida, vamos para Praga (República Tcheca). Da terra natal de Franz Kafka, rumamos para a capital austríaca, Viena. E então, retornamos à Alemanha, dessa vez parando em Munique.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Sexo, drogas e turismo

Mas a Holanda tem muito mais a oferecer. No campo da pintura, em particular, os geniais Van Gogh, Rembrandt e J. Vermeer, e um impressionante acervo de pinturas da Golden Age.

Quem quiser conhecer umas das áreas mais seguras de Amsterdã, basta seguir no sentido do Distrito da Luz Vermelha (Red Light District). Quem nunca ouviu falar dessa região da capital holandesa, saiba que é a zona de prostituição da cidade e também onde se encontra o museu da maconha. As informações parecem não fazer sentido? Talvez porque para acreditar nisso só visitando Amsterdã mesmo. E foi o que nós fizemos por quatro dias ininterruptos. Experiência única, posso afirmar sem nenhuma dúvida. Enquanto mulheres seminuas se oferecem nas "vitrines" das casas de prostituição, centenas e centenas de turistas passeiam pelas belas e limpas ruas do Distrito da Luz Vermelha. A explicação é simples: a prostituição foi legalizada na Holanda por Napoleão, que controlava a região e tomou essa decisão controversa na tentativa de controlar as doenças venéreas entre seus soldados. Sendo assim, o Distrito da Luz Vermelha acabou se formando bem próximo do centro da cidade e recebe milhares de turistas de todas as idades. Encontramos várias excursões da terceira-idade tirando fotos e até famílias com filhos. Segundo a nossa guia, cerca de 30% dessas mulheres que se oferecem - como um pedaço de picanha no açougue - são holandesas. Informação difícil de engolir. Já a questão da maconha do país é um pouco diferente. Diferente do que muita gente pensa, a maconha não é propriamente legalizada na Holanda e o comércio não é livre. Só os coffe shops (locais com licensa para vender maconha na Holanda) podem comercializar a erva. Pessoas comuns podem comprar e carregar até 5g ou criar uma plantinha seu jardim para consumo próprio. É possível encontrar mais de 230 só em Amsterdã. A grande questão é: de onde o produto foi importado, já que é proibido plantar maconha para comercialização na Holanda e em nenhum outro lugar do mundo é permitida tamanha liberdade? Entretanto, parece que os turistas não se importam com essa questão e a região do Distrito da Luz Vermelha ficam cada dia mais cheias com a chegada do verão. Enquanto isso, consumidores da erva festejam com uma tragada.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Quando sua mala não é uma mala

“Leve só o que você pode carregar.” Esse conselho eu ouvi do vendedor de mochilas para viagem alguns dias antes da nossa partida para Londres. Já Guther, meu marido, ouviu que deviamos somente levar uma mochila equivalente a 10% do nosso corpo. Mas a verdade é que nem eu, nem ele, seguimos a risco nenhum dos conselhos do sábio guru dos aventureiros. Pensei que eu era a expert em fazer mochilas. Afinal, sai de casa com 17 anos e viajei mais do que a média nacional – quase sempre com uma mochila nas costas.
A verdade é que uma mochila de viagem - e diga-se de passagem, uma viagem de 365 dias – se monta aos poucos. Ou, melhor ainda, se desmonta aos poucos. Começamos com dois mochilões cada (claro que o meu era o menor, já que meu marido é um gentleman), a mochila do laptop e uma bolsa feminina. Ah! Tinha ainda uma bolsa que carregamos dentro do avião com o que não coube nas duas mochilas.
Na primeira etapa da viagem ficamos hospedados com amigos na Inglaterra e só levamos uma mochila quando visitamos a Escócia por cinco dias. Mas quando saimos da Inglaterra para a França, demos adeus também a várias peças de roupas e sapatos. Deu dó mulherada? Deu sim. Agora, estamos na Holanda na casa de amigos. E, sem dúvida nenhuma, algumas peças de roupa e sapatos vão ficar por aqui. O tempo está esquentando e os blusões estão perdendo espaço para as Havaianas. É gente, quem diria, sabemos e aprendemos a viver com muito menos. Principalmente, quando as costas começam a reclamar.