segunda-feira, 30 de junho de 2008

Três meses na estrada

Ela começou loira... Atualmente está morena... E quem sabe o que vai ser da Renata até o fim dessa viagem?

No último dia 26 de junho, completamos três meses ininterruptos de viagem. Partimos de Porto Alegre (RS) no dia 24 de março rumo a São Paulo (SP), de onde pegamos um avião para o Reino Unido, chegando na Europa dia 26. Desde então, já passamos por 13 países neste continente: Inglaterra, Escócia, França, Bélgica, Holanda, Alemanha, República Tcheca, Áustria, Hungria, Itália, Espanha, Portugal e, atualmente, estamos na Suíça, nos preparando para a próxima etapa de nossa viagem, o sudeste asiático. A nossa perspectiva é voar para Hong Kong, passando por Grécia, Turquia e Dubai. O roteiro ainda não está definido, portanto é normal que haja alguma mudança.

No ar desde abril/2008, o nosso blog/site está ficando cada vez mais recheado com dicas e informações em português para outros viajantes-mochileiros. Todas as nossas sugestões postadas aqui foram cuidadosamente selecionadas, apenas com sites, empresas e serviços que utilizamos, pesquisamos ou nos foram recomendados por mochileiros satisfeitos. Ou seja, nada de ficar enchendo o blog/site de porcarias que não funcionam. E a audiência vem crescendo (clique aqui para ver as estatísticas). Portanto... amigos, parentes, leitores, fãs, mochileiros, aventureiros etc... ajudem a espalhar a informação: recomende o nosso blog/site.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Dieta do preço

Feira-livre em Roterdã (Holanda). Se você tiver a possibilidade de fazer a própria comida, vá as compras! Supermecados, feiras, quitandas etc. Quem não procura, não acha!
Cada refeição durante uma viagem na Europa carrega um duplo desafio: como comer bem e barato? Bem diferente do Brasil, em que facilmente se encontra um prato feito, nosso famoso P.F., por preços que variam entre R$ 3 e R$ 10. Aliás, comida saudável no Brasil é a mais barata que existe: feijão, arroz, mandioca, frutas, verduras e legumes em geral, extensa variedade de peixes e frutos do mar, abundância de aves e suínos e muita carne vermelha da melhor qualidade. E melhor: tudo é fresco. Qualidade rara em um continente como a Europa em que a maior parte dos ingredientes é importado. A banana sai verde do Brasil para ser consumida madura por aqui. É claro que, nessa longa viagem, perde-se muito do sabor e o preço fica mais salgado. Por essa razão, apenas alguns ingredientes locais são um pouco mais baratos, como por exemplo batatas, carne de porco, vinhos e queijos. Mas é impossível, ainda mais para brasileiros mal acostumados como nós, comer só isso o tempo todo. A solução para muitos turistas é viver de comidas e bebidas industrializadas. E a dieta? Vai para o espaço. Depois de alguns meses viajando pela Europa cheguei a uma conclusão: comer bem não engorda, mas pode custar caro.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Logística de uma viagem: sonho ou pesadelo?

1+1=2. Certo? Nem sempre. Em se tratando de passagens, hospedagens, aluguel de carros... é bom ficar de olho nas taxas e "fees".
Planejar um roteiro é das tarefas mais difíceis na hora de fazer uma viagem. Transporte, ao lado de alimentação e hospeda- gem, é um dos grandes rombos de qualquer orçamento. Programar-se com antecedência pode ser um dos grandes trunfos para conseguir passagens mais baratas. Porém, o futuro é uma incógnita e seus planos exageradamente prévios podem ruir como um castelo de areia. Lembre-se também que muitas empresas, especialmente companhias aéreas, fazem promoções de última hora. Mas nunca conte com esse tipo de sorte. Se der, deu! Se não der... **deu! Portanto, nem oito nem oitenta.

Ao contrário de nossos ancestrais exploradores, o viajante moderno pode contar (esse sim!) com a internet antes, durante e até depois de uma viagem. Nós selecionamos alguns websites que fazem multipesquisas de preços de passagens, hospedagem, aluguel de carros etc. (veja a seção "Pesquise suas viagens" na barra de links). Um dos "pesquisadores" on-line que mais utilizamos é o Expedia, um site bastante confiável e de fácil utilização. Mas, levando em conta o princípio dessas mesmas ferramentas, não se fie num único site. O inglês eBookers é igualmente confiável e eficiente, assim como o gigante Orbitz. Há outras boas opções como o eDreams (espanhol) e o Cheap-O-Air. Outra vantagem de utilizar-se dessas ferramentas é a possibilidade de realizar a compra de vôos e hospedagens de uma só vez com um cartão de crédito internacional. Além de prático, isso pode gerar uma boa economia. Se ligue também na quantidade de pessoas que viaja com você: quanto mais gente, maior a chance de conseguir bons negócios.

sábado, 21 de junho de 2008

Espanhas dentro da Espanha

Quando estiver na Espanha, lembre-se que na Catalunha se fala o catalão, na Galícia o galego, no País Basco o basco e por aí vai... Mas todos falam castelhano também.


Quando viajamos pela Europa é comum ouvirmos perguntas do tipo qual é a comida típica brasileira? Qual é o mais importante estilo musical? Diante de um país continental como o Brasil, tentamos explicar que cada região possui sua forma de se expressar-se culturalmente na língua, na culinária, na música, nas festas etc. Viajando pela Espanha, também descobrimos que há muitas Espanhas dentro do território espanhol. Entretanto, aqui as diversas culturas e até idiomas dividem um espaço bem menor. Para se ter uma idéia, o território espanhol é de 505km2 mil, um pouco menor que nosso estado de Minas Gerais (com 588km2 mil).

No entanto, como tamanho não é documento, a Espanha já mostrou sua força de conquistadora de novos territórios e sua energia para cultivar culturas e idiomas individuais. Tal como as comunidades autônomas da Galícia, Catalunha, Andaluzia e País Basco. Nenhuma das 17 comunidades é independente da Espanha, mas tem a autonomia nas suas decisões, direito de cultivar suas culturas e difundir sua própria língua. Mas quem fez seu curso de castelhano no Brasil, não se preocupe, a língua oficial da Espanha ainda é o espanhol.

Nossa viagem pelas diversas áreas autônomas começou pela Catalunha, que tem como capital Barcelona, banhada pelo mar Mediterrâneo. Por lá é lei que todos funcionários públicos falem fluentemente o catalão, que tem origem latina e pode ser rudimentarmente considerada uma mistura de castelhano, francês e italiano. Orgulhosos de suas tradições, os catalães gostam de discutir nas mesas de bar as vantagens de um dia se tornarem totalmente independentes da Espanha. Alguns afirmam que esse futuro está próximo.

Já no norte do país e na fronteira com Portugal, o que encontramos é a língua galega e a Comunidade Autônoma da Galícia. Por isso, quando se circula pela cidade de Santiago de Compostela, capital da Galícia, as placas indicam "rúas", e não "calles", no espanhol. Isso porque o galego moderno deriva do galego-português, com influências do castelhano e umas poucas formas próprias inexistentes em português. Traduzindo: é muito fácil compreender e ler em galego. Mas não se espantem se algum galego flertar com uma mulher chamando-a de “canhão”. Por lá, acreditem, isso é um elogio.

Um caminho e várias preces

Muitas pessoas deitam no chão da praça do Obradoiro e olham a Catedral de Santiago de Compostela de cabeça para baixo. Trata-se de uma vista incrível... sob qualquer ângulo.

Misticismo e muitas lendas fizeram dos Caminhos de Santiago das rotas mais conhecidas e percorridas por peregrinos em todo o mundo. Não foi à toa que foi declarado como Primeiro Itinerário Cultural Europeu em 1987. Para nós, brasileiros, o Caminho se tornou popular graças ao escritor brasileiro Paulo Coelho. No bestseller Diário de um Mago, ele descreveria sua própria experiência durante a viagem, que pode durar semanas. Prova de que essa trilha mística há muito tempo deixou de ser uma expressão exclusivamente cristã.

O que se vê hoje em Santiago de Compostela (capital da Galícia, Espanha) e sua belíssima catedral, ponto final da caminhada, são centenas de pessoas em busca de uma aventura ou, quem sabe, alguns dias de reflexão pessoal. Com uma mochila nas costas, um sapato apropriado e um cajado (decorado com uma concha, ou vieira, como chamam por aqui), os peregrinos são a grande fonte de renda da cidade. Mas quem viu esse potencial turístico e místico não foram os comerciantes locais.

Após o suposto descobrimento da ossada que teria pertencido ao apóstolo São Tiago (Santiago), líderes eclesiásticos espanhóis resolveram fazer do local um grande ponto religioso do país. Foi construída uma igreja ao redor dos ossos do santo no reinado de Alfonso II, entre os anos de 791 e 842 d.c., e a cidade começou a enriquecer. Tanto que o antigo hospital que recebia os peregrinos machucados pelos vários dias debaixo de sol e chuva, hoje é um belíssimo hotel cinco estrelas. A entrada do Hotel dos Reis Católicos está estrategicamente localizado na Praça do Obradoiro, formanda pela principal fachada da catedral, a frente a prefeitura da cidade e a reitoria da Universidade de Santiago de Compostela, com mais de 500 anos.

Mais do que uma viagem mística, Santiago de Compostela é uma experiência para os olhos e para o paladar, já que a arquitetura local é belíssima e a cozinha mediterrânea é uma das mais saborosas e equilibradas do mundo. Uma recompensa para os famintos peregrinos.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Barcelona: de mãos dadas com Gaudí

Reserve pelo menos um dia para dedicar à Gaudí (na foto, La Pedrera), em Barcelona. Num dia de sol, não perca a oportunidade de tomar um banho gelado no mar Mediterrâneo. Caminhe pela Barceloneta e pela La Rambla. A rrange alguma coisa pra fazer à noite, por favor!

No Brasil, quando se fala em Barcelona, logo pensamos em Ronaldinho Gaúcho. Mas quando estamos na capital da Catalunha, por toda parte andamos de mãos dadas com o genial Antoni Gaudí. Barcelona é como uma Meca dos arquitetos: todos, pelo menos uma vez na vida, tem que fazer uma peregrinação a esta cidade. La Pedrera, A Sagrada Família, Parc Güel... são algumas das incontáveis obras-primas deste gênio criativo, morto após ser atropelado por um bondinho. Reza a lenda que Gaudí agonizou por três dias em um hospital público, pois queria morrer ao lado dos pobres, e recusou-se a ser tranferido para uma clínica particular. Especula-se inclusive sobre a canonização do que seria o "santo dos arquitetos".

Mas além de Gaudí, a Catalunha oferece uma série de outros atrativos muito interessantes. Banhada pelo mar Mediterrâneo, em Barcelona se encontra uma extensa variedade de peixes e frutos do mar. Naturalmente, a Paella é o prato mais tradicional e pode ser encontrado na maioria dos restaurantes. Se tiver a chance de visitar o mercado La Boqueria, não se faça de rogado, especialmente se você tiver uma cozinha a sua disposição para fazer a própria comida. Na Catalunha existe uma grande oferta de produtos frescos: carnes, frutas, condimentos etc. Para acompanhar, bons vinhos da região podem ser encontrados por preços módicos.

Barcelona é uma cidade relativamente grande, e você terá que usar o metrô para chegar à vários lugares interessantes. Uma boa dica é comprar o T-10, um tíquete de transporte público que pode ser usado por mais de uma pessoa e dá direito a dez viagens. Exemplo: com o T-10, Renata e eu pudemos fazer 5 viagens cada, o que foi suficiente para chegar aos lugares que queríamos conhecer. Também é possível caminhar por uma boa parte do centro de Barcelona, especialmente pela La Rambla, onde bares, restaurantes, barracas, vendedores ambulantes, artistas de rua e turistas dividem o mesmo espaço. (Para fugir do roteiro noturno dos turistas, vá ao bairro Gràcia, mais freqüentado por gente local). La Rambla também é uma opção para sair à noite. Se estiver em busca de lugares mais alternativos, é necessário caminhar na direção da Barceloneta. As ruas são estreitas e escuras, mas o lugar é bastante movimentado. A dica é comprar cerveja na rua, pois nos bares tudo custa bem mais caro. Durante o dia (se tiver sol), a Barceloneta também é um bom lugar para pegar uma praia.

Barcelona e as Olimpíadas
Durante a ditadura de Franco na Espanha, Barcelona foi uma das cidades mais massacradas por esse tenebroso assassino. Até o fim da década de 1980, em torno de 50% da população local sofria com profundos problemas sociais e urbanos. As Olimpíadas de 1992 não só transformaram a cidade em uma referência de organização de grandes eventos como também afetou positivamente o bem-estar da população catalã. Quem sabe, esse seja um bom exemplo para o Brasil e para as cidades que sediarão a Copa de 2014.

domingo, 15 de junho de 2008

Para turistas de "primeira viagem"

Heróis do mar: Portugal é um destino obrigatório para brasileiros que desejam ter uma compreensão maior desse pequeno país e da grandeza de sua história.

Quem ainda não viajou para a Europa, mal arranha no inglês ou no espanhol, é péssimo em achar qualquer coisa em um mapa e gosta de comer bem, minha recomendação é Portugal. Desde que chegamos no país (primeiro em Lisboa, Sintra e agora em Porto) temos visualizado o quanto herdamos dessa cultura calorosa. Somos mais portugueses do que imaginava. Aqui, quando se pergunta por direções, as pessoas param, olham nos seus olhos, tocam em você de maneira amigável (coisa rara na Europa) e, se isso não for o suficiente, o acompanham até um ponto próximo de onde é possível mostrar mais detalhes do caminho. Além disso, é muito fácil encontrar uma refeição farta (normalmente peixe: bacalhau e sardinha são os mais comuns) por algo em torno de cinco euros. E quem resiste aos doces portugueses, todos com nomes de santos para aliviar a consciência dos mais gulosos...

Mas o Brasil também está em alta por aqui. Todo mês acontecem shows com músicos brasileiros, desde Maria Rita até Gabriel, O Pensador. E como muitos de nós já sabemos, as nossas novelas são super populares. Além disso, o trabalho do imigrante brasileiro é bem considerado por aqui. O que faz surgir situações inusitadas, como quando algum garçom português atende mal um cliente e o gerente tem que ouvir a seguinte reclamação: por que não contrata um brasileiro, eles são muito mais gentis! E como se diz por aqui: "o Brasil é a melhor invenção de Portugal". Vou pensar duas vezes antes de contar a próxima piada de português.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Surfando no sofá dos outros

Amigo, você não tem idéia de como viajar pelo mundo é uma coisa cara. Imagine se você pudesse economizar com hospedagem e ainda ter companhia de habitantes locais para conhecer os pontos altos de uma cidade... Perfeito, não? E isso é possível através do projeto/site CouchSurfing, uma espécie de site de relacionamentos para pessoas que têm em comum paixão por viajar. O primeiro passo é fazer um cadastro bem completo e mantê-lo atualizado. Através do CouchSurfing, que não tem fins comerciais, você pode tanto hospedar quanto ser hospedado por gente do mundo inteiro. O site também disponibiliza depoimentos de viajantes a seu respeito, o que sempre ajuda quando uma boa referência pode fazer toda a diferença nesse negócio. Altamente recomendado!

domingo, 8 de junho de 2008

Kit básico do mochileiro

Já comentei nesse blog as dificuldades de se montar uma mochila para quem está fazendo uma longa viagem como a nossa, ou até mesmo de alguns semanas. Por isso, resolvemos listar alguns ítens que descobrimos serem essenciais na mochila do viajante independentemente do nível: básico, intermediário ou avançado. Segue:

1. Havaianas
Esse item é básico e custa uns 30 euros na Europa. Melhor trazer as suas do Brasil. Se você pensa em economizar ficando hospedado em hostels, ele será muito útil quando os banheiros estiverem encharcados.

2. Toalha sintética
Em lojas especializadas para mochileiros é possível encontrar um tipo de toalha minúscula (Tek Towel) que é capaz de secar você inteirinho. O melhor: é leve e seca bem rápido.

3. Tampões de ouvido e tapa-olhos
Alguns albergues podem ser bem barulhentos. Especialmente quando você for dividir o espaço com mais de quatro pessoas (se alguém ronca, então, que desespero!). Além disso, alguns albergues não possuem cortinas nas janelas.

4. Porta produtos de higiene pessoal (Necessaire do mochileiro)
Encontramos em uma loja especializada para mochileiros um tipo de bolsa dobrável e com gancho para pendurar. Cabe sabonete, shampoo, escovas e pastas de dentes e outras coisas para higiene pessoal. Outro item útil quando o chão do banheiro está encharcado.

5. Garrafa-de-água (ou cantil)
Meio litro de cerveja pode custar mais barato que meio litro de água na Europa. Sendo assim, carregue sempre uma garrafa de água e vá enchendo toda vez que encontrar uma torneira ou bica pública com água potável.

6. Álcool em gel e forro descartável para vaso sanitário
Mulheres sofrem nos banheiros públicos. E não pense que banheiro sujo só se encontra no “Terceiro Mundo”. Por isso, leve na bolsa um potinho de álcool líquido para dar aquela “limpada” no vaso. Lenço umedecido também quebra um galho. Forros descartáveis também podem salvar a pátria na hora do número 2.

7. Adaptador universal de tomadas
Além da diversidade de línguas, existe uma infinidade de tipos de saída de energia pelo mundo a fora. Se você está levando secador de cabelo, barbeador, máquina digital ou computador é bom encontrar um adaptador universal de tomadas.

8. Anticoncepcional (para as mulheres, claro!)
Pela Europa é difícil encontrar anticoncepcional em farmácia. Só com prescrição médica. Por isso, é legal levar pílula na quantidade necessária para o tempo de viagem. Já camisinha é mais fácil de encontrar.

9. Cadeado(s)
Leve um (ou dois, no mínimo) bom cadeado quando for ficar hospedado em um albergue. Nem todos possuem lockers com chave, embora quase todos possuam armários para guardar suas tralhas enquanto estiver hospedado ou depois de fazer o check-out.

10. Despertador
No dia seguinte de muita caminhada pela cidade ou depois de uma balada, fica difícil de acordar. Leve algum tipo de despertador para pegar o café da manhã do albergue, quando estiver incluso no preço, é claro!

Se lembrarmos de mais ítens no caminho, vamos incluindo nesse post.

sábado, 7 de junho de 2008

A História mais viva do que nunca

O Coliseu é definitivamente umas das obras mais marcantes da humanidade, tanto na realidade quanto na ficção. Uma visão inesquecível para quem gosta de História... e até para quem não gosta! (FOTO: Fernando Borgheti Cunha)

Roma está em ruínas... Literalmente! Andar pelas ruas desta cidade é como trazer à vida aquelas aulas de História que você pode ter achado muito chatas. O que não é o meu caso, nem o da Renata. Nosso primeiro dia na cidade já reservou uma das visões mais fantásticas de um império que foi o porta-voz e denominador comum do que hoje chamamos de civilização ocidental. Ver (mais do que isso, tocar) o Coliseu já seria uma experiência suficiente para encerrar um bom dia de turismo. A imensidão dessa obra da obsessão humana pelo poder reflete bem a megalomania dos romanos e justifica porque dentre todos os impérios este foi o mais marcante. Só isso já coloca Roma num patamar invejável entre todos os destinos da Europa. No meio das ruínas, emerge uma cidade cheia de charme e requinte: moda, designe, efervescência cultural, religião, culinária e beleza tornam a experiência ainda mais intensa. Três dias em Roma, valem mais que 1000 dias numa sala de aula.

Num bom dia de sol é possível percorrer a pé todos os principais pontos da cidade: o Panteão, a Fonte de Trevi, a praça Navona, o Campo di Fiori etc., etc., etc. Mas reserve pelo menos uma tarde (ou um dia) para visitar o Coliseu e o Fórum Romano, e invista outro dia numa visita à Basílica de São Pedro e ao Museu do Vaticano. Ver ao vivo e em cores a Capela Sistina, de Michelangelo, é uma experiência única nessa vida. Depois disso, ir a Roma e não ver o Papa deixa de ter quaquer relevância.

Roma e o catolicismo
Não é de hoje que fé e dinheiro andam juntos. Não apenas o poder católico de Roma, mas também a sua representação certamente servem de inspiração para líderes religiosos contemporâneos e seus megatemplos. Deus se reflete em uma riqueza inatingível e imensurável, e não em atos secretos de bondade. Só isso já basta para apagar qualquer centelha de culpa que possa haver na manipulação das mentes incautas. Por coincidência, pudemos acompanhar durante nossa estádia em Roma duas horas de gravação do filme Anjos e Demônios, baseado no livro homônimo de Dan Brown, com Tom Hanks no papel de Robert Langdon. Na história, o professor de simbologia de Harvard ajuda a salvar o Vaticano da destruição. E consegue, claro... Sorte dos turistas!

terça-feira, 3 de junho de 2008

Hungria: para turistas avançados

A visão mais bonita da capital húngara: do lado montanhoso da cidade (Buda) é possível contemplar o parte plana (Peste), divididas pelo rio Danúbio.

Budapeste é um dos mais fascinantes destinos na Europa. Porém, o país exige um certo nível de experiência e, definitivamente, não é um lugar fácil para turistas desavisados. Entre as heranças da era da Cortina de Ferro estão a pobreza (concentrada no interior) e a corrupção do setor público. Nós brasileiros conhecemos bem esse tipo de cicatriz resultante de regimes ditatoriais. Apesar dos pesares, Budapeste é uma cidade com vocação cosmopolita, o que a coloca em destaque como um centro de desenvolvimento do leste europeu. Cultura, requinte e charme sobram nessa cidade dominada por uma atmosfera de liberdade recente. E os custos, em comparação com os destinos mais clássicos do continente, compensam o esforço. A ajuda de um cidadão local conhecedor das "manhas" da área pode tornar a experiência ainda mais ampla e satisfatória.

A arquitertura se mistura numa química entre a tradição clássica de uma cidade milenar e o simplismo cúbico das construções da era comunista. Dividida em duas partes pelo rio Danúbio, tendo Buda de um lado e Peste do outro, é um destino fabuloso para gente interessada em cultura (mais de 20 museus com entrada gratuita) e vida noturna agitada (shows internacionais, bares, boates e uma ampla cena gay). Outra experiência imperdível são as tradicionais casas de banho húngaras espalhadas pela cidade, com uma considerável variedade de piscinas térmicas. Só água mineral, totalmente livre de clóro. Gaste no mínimo uma tarde por lá, indepentemente do clima. Faça chuva, sol ou neve os húngaros não dispensam um banho relaxante. E para aqueles em busca de romance ou sacanagem, que fique registrado que as húngaras estão entre as mulheres mais belas da Europa.

Lado B
O lado negro de Budapeste, no entanto, é o fato de os turistas serem o alvo favorito da pilantragem alheia. E o pior é que a safadeza muitas vezes vem travestidade de poder e serviços públicos. A barreira da língua pode ser um adicional na vilania. Em pontos turísticos da cidade, grupos de trapaceiros enganam turistas em jogatinas sem sofrer qualquer tipo de repressão. Mas o sistema de transporte público, para a surpresa geral, é o que mais abriga esse tipo de gente velhaca. A fiscalização sempre aperta para o lado dos turistas, claro. Portanto, segure seu impulso de burlar as leis (uma tentação por essas bandas), tentando tirar vantagem do transporte público. SEMPRE compre os tiquetes corretos. Caso contrário, você será vítima de extorsão da legião de controladores que complementam seus salários com o dinheiro dos turistas viajandões. E a saída poderá ser dramática: pagar a multa ou o suborno. Uma boa dica é carregar um estoque de bilhetes no bolso.