domingo, 28 de dezembro de 2008

Longe de casa, há mais de uma semana

Não é fácil passar datas especiais distante de casa. Talvez esse sentimento não seja compartilhado com outras pessoas que moram longe da família há algum tempo. Mas mesmo que tenha saído de casa aos 17 anos, ainda não aprendi a driblar os sentimentos. Quando os dias se aproximam, a nostalgia bate e fico lembrando da casa cheia e barulhenta, da fase de preparação, das comidas especiais, do amigo-secreto, as crianças correndo pela casa... Nessa viagem passei Páscoa, meu aniversário, agora Natal e logo Ano Novo longe da família e amigos. E por mais que Guther se esforce para que elas sejam especiais no lugar onde estamos viajando, a verdade é que essas datas mexem comigo. Descobri que esse sentimento era comum com outros viajantes quando encontrei uma senhora brasileira em Hong Kong. Há quatro anos viajando o mundo e sem nunca voltar pro Brasil, ela chorou ao encontrar Guther e eu, desconhecidos, mas que lembravam aquilo que ela tanto ama e deixou para trás. "Vocês se tornaram meu presente de Natal", ela soltou no abraço que nos deu, com o rosto molhado.

No momento estamos em Dongguan, cidade a duas horas de Hong Kong. Encontramos por aqui uma comunidade enorme de brasileiros, principalmente gaúchos. Os primeiros chegaram na China há cerca de 15 anos quando começou a decaída da indústria do calçado no Rio Grande do Sul, principalmente no Vale do Paranhana. Foram atrás de oportunidades na China quando as portas se fecharam na terra natal. Hoje é possível encontrar e até escolher entre algumas churrascarias locais e beber guaraná e caipirinha. Mas nem sempre foi assim. No início traziam de tudo na mala: erva-mate, cosméticos, remédios e até maionese. Ao longo dos anos, acabaram construíndo pequenas comunidades com tempero brasileiro para, quem sabe, suportar a saudade de casa.

Resumindo, se você gosta de festejar esses dias perto da família, também planeja fazer uma viagem como a nossa ou mesmo morar fora do Brasil por um tempo, eu só tenho uma dica: lembre que sempre haverá outros natais e outras páscoas pela frente. E tente aproveitar o momento hoje, ao máximo: perto da família ou do outro lado do mundo. Na China talvez...

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Não precisa morrer para chegar ao paraíso

É pura verdade. As fotos paradisíacas das praias da Tailândia que você já viu em sites de agências de viagem não mentem. O litoral sul do país deveria ser a foto ilustração do que a palavra “paradisíaca” significa. Bom, pelo menos eu entendi o sentido completo do termo quando pisei pela primeira vez nas praias e ilhas desse lado do mundo.

Antes da nossa viagem para o sul da Tailândia havíamos lido em nosso guia que a área era capaz de levar às lágrimas. Desacreditados, e conhecendo o lindo litoral da Bahia, pensamos: que exagero! Estávamos enganados. No entanto, possuir um certo nível de ceticismo em uma viagem como a nossa pode ser bem saudável, principalmente para a saúde financeira. Na tentativa de comprar nossa passagem da capital, Bangcoc, para o litoral sul, encontramos um agente de viagens que tentou nos assustar avisando que hotéis estariam lotados por causa da alta temporada e que dificilmente conseguiriamos vagas simplesmente batendo na porta dos hotéis. Claro, tudo uma tentativa de vender os seus serviços. Resolvemos nos arriscar, como a maior parte do tempo. Fizemos a reserva pela internet de um bangalô na beira da praia, por um preço razoável, no dia anterior a nossa ida. Compramos sozinhos uma passagem de ônibus noturno integrada com a balsa que nos levaria para a ilha de Ko Phangan, no sudeste da Taildândia, diretamente na rodoviária sul de Bangcoc. Chegamos tranquilamente na ilha no dia seguinte, enfrentamos a máfia dos taxistas locais (que possuem uma taxa única e salgada) e começamos a curtir o sol que chegou conosco depois de dias de chuvas na ilha. No dia seguinte alugamos uma moto para evitar os taxistas e conhecemos várias praias saindo pela manhã do bangalô com um mapa na mão e planos de simplesmente relaxar. A ilha de Ko Phangan não é uma das mais bonitas da Tailândia, até porque a área paradisíaca fica no outro lado do golfo, no lado que dá para o Oceano Índico. No entanto, o que atrai muitos turistas, principalmente jovens, são as festas que acontecem quase que diariamente. Sendo a mais famosa festa batizada de Full Moon (Lua Cheia) e que acontece na beira da praia.

Nosso próximo destino foi o paraíso. Depois de três dias em Ko Phangan, pegamos outro ônibus com destino a Krabi. O centro da cidade não é nenhuma atração, por isso nos mudamos no dia seguinte para a praia de Aonang, de onde todos os barcos saem para visitar as famosas ilhas próximas. Começamos com o tour das Quatro Ilhas, sentados dentro de um barquinho a motor com mais 18 turistas. De Aonang também compramos um tour de lença para uma das ilhas mais conhecidas da Tailândia, Koh Phi Phi. O local ficou famoso graças ao filme "A Praia" estreado por Leonardo Di Caprio. Ufa! De tirar o fôlego (me refiro à ilha). A ilha de Koh Phi Phi possui uma das hospedagens mais caras da Tailândia, por isso um tour na região tornou-se a opção mais econômica. A ida para as ilhas foi tranqüila. No entanto, na volta, o mar se revoltou e passamos por momentos de muita adrenalina dentro do barco.

Quem quiser fazer um pouco de exercício a recomendação é alugar um caiaque e ir remando até praias que não são acessíveis por terra a partir de Aonang. O mar é calmo o tempo todo. Nada como comer um lanche no caminho sentados solitários sobre uma rocha cercada de água ou sobre uma esteira estendida sobre a areia branquinha. Nadamos, mergulhamos, fomos cercados de peixes coloridos e começamos a entender porque a região foi chamada por uma amiga de “a terra dos casais felizes”. Por aqui não há clima para se discutir a relação. Foi difícil sair de Aonang (e não pela falta de transporte). Mas porque é duro deixar o paraíso.

Motivados pela curiosidade e fama da ilha de Phuket, pegamos uma minivan (transporte mais barato por aqui em comparação à navios ou vôos) e chegamos na ilha em três horas. Se você quer sossêgo, Phuket não deve ser o seu destino. A área é conhecida pelos diversos resorts com praias privadas, vida noturna movimentada e prostituição. Estejam avisados: a mulherada ataca mesmo. E há ainda opções gays. No entanto, nós curtimos estar na praia, rodeados de outros turistas e camelôs vendendo bebida gelada, abacaxi e massagens. Uma opção é a praia de Patong, uma costa muito bonita, com um calçadão e lojas espalhadas por toda a parte. Durante nossa estadia tivemos a sorte de acompanhar o Carnaval local, que não tem relação nenhuma com a nossa idéia da festa. Trata-se de apresentações de música e dança típicas de diversas partes da Tailândia, além de bancas construídas na beira-mar vendendo comida e artesanato. Uma maneira bacana e barata de curtir a praia no fim do dia.

Um dos fatores mais impressionantes dessa viagem ao sul da Tailândia é a falta de qualquer marca da catástrofe que atingiu o litoral no dia 26 de dezembro de 2004. Hotéis, restaurantes, lojas e vidas foram destruídas pela Tsunami. A única lembrança é um memorial às vítimas e as placas de sinalização indicando o refúgio mais próximo caso outra Tsunami aconteça. Segundo um amigo que estava na área na época, depois de poucos dias a população já começava a reconstruir as cidades. Afinal, a economia local é totalmente baseada no turismo. Locais afirmam que muito da beleza natural do litoral tailandês nunca se recuperou. Me pergunto se é mesmo possível um paraíso ser ainda mais bonito.

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Mito ou verdade?

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Memoriais da dor

Caveiras expostas no memorial dos campos de extermínio no Camboja: tristeza e humilhação para um povo que durante séculos reinou absoluto no sudeste asiático e hoje é uma das nações mais pobres do continente.

Quando viajávamos pela Europa fiz questão de evitar uma visita aos vários campos de concentração judeus espalhados pela Alemanha, Polônia e arredores, sendo o campo de Aushwitz o mais conhecido e talvez o mais visitado. Senti repulsa pelo o que é feito nesses lugares, um tipo de turismo grotesco. Ou, simplesmente, porque o tema Holocausto já foi tão explorado pelo cinema, televisão e literatura, que acabei perdendo um pouco da sensibilidade com o horror que foi cometido pelos nazistas não só contra judeus, mas também homossexuais, ciganos, pessoas com alguma deficiência física ou mental, membros da elite intelectual, além de ativistas políticos, Testemunhas de Jeová, alguns sacerdotes católicos e sindicalistas. O líder e mentor disso tudo, Adolf Hitler, tentava promover uma "limpeza" da raça humana.

Genocídios também aconteceram no Sudeste Asiático e pouca gente sabe disso. Viajando pelo Vietnã e Camboja se descobre que os dois países passaram por momentos de guerra que acabaram aniquilando metade da população da época. Do que estou falando? Da conhecida Guerra do Vietnã contra os EUA, entre 1959 e 30 de abril de 1975, e dos Campos de Extermínio, estabelecidos pelo regime comunista totalitário do Khmer Vermelho enquanto o Sudeste Asiático tentava se recuperar do primeiro conflito. A Guerra do Vietnã, que aqui na Ásia é chamada de Guerra dos EUA, tem os horrores registrados no Museu dos Crimes de Guerra na cidade de Saigon, no sul do país. O Museu não possui nenhuma pompa ou estrutura que encontramos na Europa quando o assunto é holocausto. Mas depois de uma visita ao espaço, duas perguntas ficam no ar: quanto tempo eu levaria para digerir as horrendas fotos e reportagens feitas por jornalistas locais e estrangeiros na época e expostas no museu? E como eu me sentiria visitando o local se fosse uma norte-americana?

O antigo nome, Museu dos Crimes de Guerra dos Estados Unidos, foi alterado após os ânimos se esfriarem e as verdinhas começarem a ajudar na manutenção da entidade.

A dor e humilhação promovida pelos exércitos norte-americano e aliados na guerra são mais do que meramente constrangedores, são revoltantes. Cerca de 3 milhões de vietnamitas morreram vítimas da guerra, a maioria civis, além de outros dois milhões de vizinhos cambojanos e laocianos contra 50 mil soldados dos Estados Unidos. No entanto, a devastação deixou marcas mesmo depois do fim do conflito vencido pelos vietnamitas, plantações e florestas foram destruídas por armas químicas, que também atingiram a saúde da população por várias gerações. Depois de visitar o museu entendi porque os vietnamitas possuem uma personalidade fortíssima. Não deixam nada passar em branco e estão bem longe do sorrisinho usado pelos tailandeses com os estrageiros. São, enfim, um povo essencialmente guerreiro.

The killing fields
História menos conhecida é a da execução de 200 mil cambojanos pelo Khmer Rouge, entre 1975 e 1979, nos chamados Campos de Extermínio. O fato se tornou público mundialmente em 1984, quando o filme The killing fields, que no Brasil foi chamado de Gritos do silêncio, foi lançado. O filme britânico e o livro homônimo escrito por Christopher Hudson contam a história do correspondente internacional do The New York Times, Sydney Schanberg, e seu intérprete cambojano, Dith Pran, durante cobertura da tomada da cidade de Phnom Penh pelas tropas do Khmer Vermelho. A produção, que tem John Malkovich no elenco, ganhou três Oscars e é uma boa maneira de conhecer essa parte triste da história do Camboja.

Outra maneira é visitar pessoalmente um dos locais onde eram cometidas as atrocidades na cidade de Choeung Ek, a 17 km de Phnom Penh, e que hoje se tornou um memorial pela morte de 200 mil pessoas nos Campos de Extermínio do Khmer Vermelho. Uma torre de vidro foi construída e nela depositada os crânios e roupas de mulheres, intelectuais e crianças. Quase 9 mil corpos foram decobertos só em Choeung Ek após a queda do regime graças a ação das tropas vietnamitas, em 1979.

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domingo, 21 de dezembro de 2008

Antigüidade de olhos puxados

A face de Buda: Angkor é sem dúvida uma das ruínas mais fantásticas do mundo. Preservada pelo tamanho (maior que a moderna São Paulo) e pela floresta tropical incontáveis esculturas de Buda estão espalhadas por cada pedaço de chão, nos mais variados tamanho. Essa imagem da foto tem quase quatro metros de altura.

Não só de ruínas gregas ou romanas vive o passado. Uma visita às cidades de Sukothai, na Tailândia, e Angkor, no Camboja, revela um passado rico em poder e glamour no sudeste asiático. Em comum, essas ruínas revelam cidades inteiras imersas num mundo orientado pela religião, em que recursos foram investidos (ou desperdiçados?) sem pudor. Ou seja, não é de hoje que a religião abusa do povo sem dó. Para se ter uma idéia da dimensão desse fato, o templo de Angkor, principal monumento dessa cidade fantasma hoje possuída pela floresta tropical, é considerado o maior prédio religioso do mundo. O império Khmer se formou no início do século 9, fundado pelo monarca Jayavarman II -- que se declarou rei-deus (alguma semelhança com gente que anda por aí hoje em dia?) --, se estendendo por Tailândia, Laos e Vietnã. Visivelmente as religiões predominantes e oficiais do império eram o Hinduísmo e o Budismo, ambos peculiarmente presentes na arquitetura religiosa da cidade, o que faz de Angkor uma visão única e idílica de um povo que se perdeu no tempo. Entre uma das nações mais pobres do mundo, o Camboja moderno luta para reerguer a economia local através do turismo e para esquecer o recente passado sombrio. Nesse sentido, Angkor é uma tábua de salvação para os cambojanos, que se agarram a essa imagem trinfual do passado glorioso para levantar a auto-estima do povo, massacrado pela guerra do Vietnã e pelos devaneios genocídas do Khmer Vermelho (leia artigo da Renata).

Para se ter uma idéia da dimensão física de Angkor, é possível gastar uma semana explorando a cidade histórica (maior que a moderna São Paulo), e ainda assim perder muitos detalhes do local. Viajantes com menos tempo, no entanto, podem ter uma visão geral dos principais pontos da cidade em um único dia, o que pode ser cansativo e superficial, mas ainda assim recompensador. Entretanto, o ideal é dedicar de dois a três dias para explorar a cidade, uma vez que a distância entre os inúmeros sítios históricos consumirão um tempo significativo. Como não existem hotéis ou albergues nas redondezas de Angkor, todos os turistas ficam baseados na cidade de Siem Reap, que oferece uma ótima estrutura com hospedagem para todos os bolsos, além de ótimos restaurantes oferecendo os deliciosos pratos locais assim como cozinha internacional, além de cafés onde é possível relaxar após um exaustivo dia de caminhada.

A cidade de Sukhothai virou um parque nacional para proteger mais de 190 ruínas entre templos e esculturas como a da foto, com mais de seis metros de altura.

O império Khmer seguiu incólume até a primeira metade do século 15, quando seu vizinho local, o reino de Sukhothai, a cerca de 400 km ao norte de Bangcoc, invadiu e saqueou Angkor, desestabelecendo o império Khmer e evacuando a cidade para a região leste do Camboja, onde fica atualmente a capital Phnom Penh. Sukhothai, entretanto, foi parte do império Khmer até o início do século 13, quando dois líderes locais, Pho Khun Pha Muang and Pho Khun Bang Klang Hao, declaram independência e fundaram o primeiro reino de língua tailandesa, espisódio que pode ser considerado a fundação da Tailândia moderna. Em seu auge, o reino chegou a se estender até o norte da Tailândia na fronteira com Mianmar (antiga Birmânia), Laos, Cambodia e Malasia.

Hoje, a cidade histórica de Sukhothai foi estabelecida como parque nacional com mais de 190 ruínas distribuídas numa área de 70 km2. Particularmente, recomendo o aluguel de uma scooter para explorar a área, que também pode ser visitada de bicicleta pelos mais corajosos. Para quem segue da capital tailandesa rumo à Chiang Mai podem (e devem) planejar uma parada de dois ou três dias em Sukhothai. A parte nova da cidade, onde se concentra a maior parte da população local oferece uma variedade de pousadas (com piscina, restaurante e massagem tailandesa) a preços razoáveis.

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domingo, 7 de dezembro de 2008

Vietnã: além de Rambo

Visão do paraíso: a guerra do Vietnã não chegou às partes mais remotas do norte do país e graças a isso a Baía de Halong foi preservada para o deleite da humanidade.

Você pode não acreditar, mas o filme Rambo é um blockbuster no Vietnã. Parece cômico, mas na verdade é trágico. Antes de serem expulsos do país pelos Vietcongs, americanos e aliados deixaram um rastro permanente de destruição. Ironicamente, hoje o Vietnã luta para se recuperar economicamente com as preciosas verdinhas do turismo, numa tentativa desesperada de conciliar comunismo e progresso. Não teria sido muito mais simples chegar a algum tipo de acordo há uns quarenta anos? A lógica pode parecer simples, mas na prática a coisa é bem mais complicada. Os vietnamitas convivem com guerras há muito tempo: primeiro expulsaram os chineses, depois os franceses e, por fim, os americanos na guerra do Vietnã, certamente um dos maiores episódios de atrocidades contra um povo. Ao contrário dos tailandeses, que vivem sorrindo para todo mundo, os vietnamitas encaram a vida de outra maneira. Amigáveis, porém menos tolerantes, eles carregam consigo um orgulho que pode ser, equivocadamente, confundido com arrogância. Para mim é mais uma atitude de não-submissão e independência, uma vez que os vietnamitas são dotados de uma auto-estima exemplar.

Hoi An, conhecida como a terra dos alfaiates, é o centro da produção têxtil do país. Por lá é possível comprar produtos de qualidade assim como os tradicionais "falsificados".

Para se entender bem o curso de nossa viagem pelo país, é preciso entender a mecânica de sua história recente. A guerra do Vietnã se estendeu de 1959 a 1975, quando a cidade de Saigon, no sul, foi tomada pelos Vietcongs vindo de Hanoi, no norte. O centro do país, portanto, foi amplamente devastado como conseqüência dos inúmeros conflitos entre vitenamitas do norte, apoiados pelos soviéticos e demais aliados comunistas, e os vietnamitas do sul, apoiados basicamente por americanos -- que acabaram entrando na guerra -- e franceses, que por décadas massacraram mais esta colônia no sudeste asiático.

Após a vitória dos Vietcongs, as tropas americanas tiveram que deixar Saigon, deixando para trás um rastro de destruição no país. Rebatizada como Ho Chi Min, nome do líder comunista dos Vietcongs, a cidade é um dos principais motores da econômia local ao lado da capital Hanoi.

Após a retirada das tropas americanas em 1975, já amplamente desgastadas perante a opinião pública mundial, Hanoi se tornou a capital da República Socialista do Vietnã, por onde começamos nossa passagem pelo país. O fato é que o norte provavelmente reserva o que há de melhor nessa terra. A Baía de Halong é capaz de produzir na mente uma imagem inesquecível de beleza natural. Por sua vez, efervescência e personalidade recolocaram Hanoi no mapa como uma das cidades mais aluscinantes do sudeste asiático. Dona de uma culinária exótica, pessoas com gosto bizarro por insetos, vermes e cachorros podem satisfazer o paladar pelas ruas da cidade ou, ainda melhor, pelo interior do país. Os sabores do Vietnã, no entanto, não se limitam a essas esquisitices e oferecem uma lista incontável de delícias culinárias e, para a surpresa de muita gente, uma qualidade inegável na arte da confeitaria. Irresistível! O trânsito comprometido por uma quantidade ultrajante de motocicletas torna a travessia de ruas um misto de fé e aventura. Estando por lá lembre-se que será preciso dar o primeiro passo...

De Hanoi muitas pessoas seguem para passeios turísticos na Baía de Halong e, mais ao norte, nos campos de arroz da montanhosa Sapa. Cansados de montanhas, florestas e campos de arroz, saímos em nossa peregrinação rumo ao sul do país, com direito a uma parada na cidade de Hoi An, renomada pela qualidade (e quantidade, claro!) de alfaiates. Lá eles fazem de tudo no que diz respeito a costura. Seja lá o que você deseja -- de ternos e vestidos a sapatos e tênis; copiar ou dar vazão aos seus mais secretos devaneios estilísticos --, eles fazem. E em 24 horas. Impressionante! Por fim, seguimos para Saigon na expectativa de cruzar a fronteira do Camboja e evitar a multa por expirar o prazo de nossos vistos.

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sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Na trilha do Laos

Alguém se habilita a cruzar esse rio? Dois ou três dias de trilha no norte do Laos é uma aventura inesquecível. Mata fechada, muita chuva, barro, rios e sangue-sugas.

Esse país praticamente desconhecido, a República Democrática do Laos, surgiu como um pária em nossos planos de viagem. Estávamos no norte da Tailândia, planejando atravessar o Laos por terra como meio de chegar ao Vietnã. Nossa idéia inicial era não gastar mais do que uma semana no país, o que rapidamente se tornou em 17 longos dias. Uma das explicações para isso é a extensa vegetação selvagem espalhada por uma infinidade de montanhas. Viajar por terra não é uma tarefa fácil, mas certamente garantia de aventura. Outra culpada é a cerveja Beerlao, produzida no país e certamente uma das melhores do sudeste asiático.

Logo que cruzamos a fronteira da Tailândia rumo ao Laos decidimos tomar uma rota menos turística seguindo ainda mais para o norte do país, em direção ao parque nacional de Luang Nam Tha. A maioria dos viajantes opta por seguir de barco para o sul numa viagem de dois dias de Huay Xai até Luang Prabang pelo famoso e imponente rio Mekong. Acredito que foi uma boa opção uma vez que o norte do país reserva os melhores lugares para trilhas no meio da floresta tropical. Não apenas a diversidade natural é um dos grandes atrativos dessa região habitada por uma enormidade de diferentes tribos, que ainda preservam traços de uma cultura "primitiva". A verdade, porém, é que essas minorias estão perdendo identidade e autencidade graças a ostensiva presença de turístas como nós. E como turístas significam uma injeção de grana na economia local, eles não parecem tão infelizes com a nossa presença por lá. Entretanto, não deixam de demonstrar irritação frente as lentes das máquinas fotográficas. Não porque tenham o medo primitivo de ter a alma roubada, mas porque estão é de saco cheio mesmo. Uma trilha de dois ou três dias é altamente recomendado!

Após um dia de descanso e de merecida massagem, rumamos para Luag Prabang, um dos destinos mais famosos do Laos. Particularmente, achei que a cidade ficou devendo em termos de atrações turísticas, aventura e vida noturna. O excesso de regulação por parte do governo pode tornar uma visita a cidade em algo realmente maçante. Por isso decidimos encurtar nossa estadia por lá e seguir para a baladeira cidade de Vang Vieng para a prática do "Tubing" (clique aqui para ler o texto da Renata sobre o "esporte" e a cidade). Dois dias rapidamente se transformaram em seis... Há quem culpe o excesso de álcool no sangue, mas a verdade é que a cidade é dona de uma beleza natural exuberante e um lugar perfeito para ficar de pernas pro ar!

P.S.: Por fim, chegamos a capital Vientiane com a esperança de consertar nossa máquina fotográfica, que entregou os pontos após tantas situações climáticas e geográficas extremas, mas sem muito sucesso. Embora seja o centro político e econômico do país, a cidade é bem pequena e a qualidade dos serviços deixa a desejar. Além de não consertarmos a máquina, Renata pegou uma alergia após ser picada por um inseto típico da região. Resumindo, se possível evite passar por lá!

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A capital do "tubing" e da ressaca

Asiáticas com bunda

As mulheres asiáticas são famosas pelo jeito tímido e pelos traços delicados. Elas habitam as fantasias eróticas de muitos homens interessados em suas (talvez superestimadas?) habilidades na cama. Por outro lado, as asiáticas também são famosas por não terem corpos muito voluptuosos e vulgarmente são chamadas de "tábua" por conta das formas quase retangulares. Entretanto, existe um paraíso para homens que gostam das qualidades das mulheres asiáticas, mas sentem falta de volume na retaguarda... Nesse quesito, as mulheres vietnamitas (quem poderá explicar?) podem ser a solução perfeita. Dotadas de bunda, elas pilotam suas scooters pelas ruas de Hanoi ou Saigon muito conscientes de suas "qualidades", ao melhor estilo "mignon sobre rodas"... hehehe... Muito sexy! Porém, nada que se compare a beleza da mulher brasileira, claro!